Terapia com Inteligência Artificial: avanços, limites e implicações

Natália Lutterbach • 24 de setembro de 2025

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Terapia com Inteligência Artificial: Avanços, limites e implicações

Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) tem ocupado cada vez mais espaço em nossas vidas. De aplicativos que respondem dúvidas cotidianas até plataformas que prometem oferecer apoio emocional, muitas pessoas se perguntam: será que a terapia com IA pode substituir o encontro com um psicólogo?


É fato que a tecnologia pode ser útil. Ferramentas baseadas em IA ajudam na organização da rotina, oferecem exercícios de respiração, técnicas de relaxamento e até simulam diálogos de apoio. Para alguns, podem ser um primeiro contato com o cuidado em saúde mental. Porém, é preciso refletir com atenção sobre suas implicações.


O que a IA pode (e não pode) oferecer?


Pode oferecer: informações, lembretes, práticas simples de autocuidado, apoio imediato em momentos de estresse leve e a sensação de “não estar sozinho” na madrugada, por exemplo.


Não pode oferecer: escuta clínica, acolhimento genuíno, análise da singularidade de cada história, nem sustentar o processo profundo de transformação psíquica que acontece na terapia.


A IA é uma ferramenta, não um sujeito. Ela não sente, não elabora contradições humanas e não pode oferecer o olhar clínico de um profissional que compreende os movimentos inconscientes, os afetos e os silêncios.


Os riscos do “atendimento” por IA


Ao buscar uma “terapia” exclusivamente com IA, algumas consequências podem surgir:


Redução da complexidade da experiência humana a respostas automáticas;


Risco de banalizar o sofrimento psíquico, tratando-o como algo resolvido por frases prontas;


Possível adiamento da busca por ajuda profissional, o que pode agravar quadros emocionais.


O papel insubstituível do psicólogo


A psicanálise e a psicologia partem do encontro humano. É no diálogo real, no espaço seguro de fala e escuta, que a pessoa encontra caminhos de autoconhecimento, ressignificação e mudança. A tecnologia pode ser um apoio complementar, mas nunca um substituto para a relação terapêutica.


Reflexão final


Vivemos uma era em que a tecnologia é parte da vida cotidiana. É natural que ela se aproxime também do campo da saúde mental. No entanto, é importante lembrar: cuidar da mente exige vínculo, ética e presença humana. A IA pode ajudar, mas a terapia de verdade acontece no encontro com o psicólogo.

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