A repetição de padrões: quando a história insiste em se repetir

Natália Luttebach • 24 de setembro de 2025

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A repetição de padrões: Quando a história insiste em se repetir?

Você já se perguntou por que, mesmo desejando mudanças, acaba se encontrando sempre nos mesmos tipos de situação? Como se, por mais que o cenário mude, o enredo fosse parecido: relações que terminam de forma semelhante, escolhas que trazem frustrações familiares, dificuldades que parecem se repetir ao longo dos anos. Essa sensação não é incomum e, na psicanálise, é compreendida como repetição de padrões.


A repetição não acontece por acaso. Ela está ligada a marcas psíquicas profundas, muitas vezes inconscientes, que moldam a forma como nos relacionamos e como interpretamos o mundo. É como se experiências antigas — especialmente as vividas na infância — criassem uma espécie de roteiro interno. Sem perceber, podemos buscar situações que nos colocam de volta em dramas já conhecidos, na tentativa de encontrar um desfecho diferente para feridas que ainda não foram elaboradas.


O problema é que, na prática, essa busca por "resolver o passado no presente" frequentemente nos aprisiona em ciclos de dor. Quem se envolve repetidamente em relações que terminam em abandono, por exemplo, pode estar tentando, sem saber, ressignificar sentimentos antigos de rejeição. Mas, sem consciência desse processo, acaba revivendo a mesma ferida.


Reconhecer esses padrões não é simples. Muitas vezes, é mais fácil culpar o outro, o destino ou as circunstâncias do que enxergar a participação que temos na forma como a história se desenrola. É aí que a psicoterapia se torna um espaço fundamental: nela, podemos identificar essas repetições, compreender de onde vêm e, principalmente, abrir a possibilidade de escolher caminhos diferentes.


A repetição de padrões não significa que estamos condenados a reviver eternamente os mesmos conflitos. Ao contrário, ela pode ser um convite para olhar para dentro, enfrentar o que ficou inacabado e transformar nossa forma de estar no mundo. Romper esse ciclo exige coragem, mas também oferece a chance de construir experiências mais livres, conscientes e verdadeiras.

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